Os estágios e níveis da meditação, segundo o Yoga Sutra de Patanjali, são como degraus que nos elevam da ilusão para a verdade absoluta. O caminho começa com dharana, a concentração, onde o foco mental se estabiliza em um ponto, como uma chama tranquila em meio ao vento. Quando esse foco se aprofunda, adentramos dhyana, a meditação, um estado de fluxo contínuo, onde a mente se dissolve no objeto de contemplação, sem distrações ou flutuações. Por fim, alcançamos samadhi, o estado de união plena, onde o meditador, a meditação e o objeto meditado se tornam um só. Nesse nível mais elevado, a dualidade se desintegra, revelando a pura consciência, o silêncio absoluto que permeia o universo. Cada estágio é uma purificação, uma liberação das camadas que obscurecem nossa verdadeira essência, até que nos tornemos uno com o todo, em perfeita paz e clareza…
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Os Yoga Sutras de Patanjali são uma das obras mais importantes na tradição do yoga, e fornecem uma estrutura detalhada para a prática da meditação. O texto descreve os diferentes estágios e níveis da meditação, conhecidos como Dharana, Dhyana e Samadhi, que juntos constituem o processo de interiorização e autotranscendência. Esses estágios representam a evolução da mente desde a concentração inicial até a completa absorção no objeto de meditação.
Dharana: O Primeiro Estágio de Concentração
O primeiro estágio da meditação, chamado Dharana, é o processo de concentração. Nesse nível, o praticante escolhe um ponto de foco — que pode ser um mantra, a respiração, uma imagem mental ou qualquer outro objeto de meditação — e direciona toda a sua atenção para esse ponto. O objetivo é estabilizar a mente e reduzir a dispersão dos pensamentos.
Em Dharana, a mente ainda não está completamente focada; distrações surgem, e o praticante deve gentilmente redirecionar a atenção para o objeto de concentração. Esse estágio é fundamental porque prepara a mente para os níveis mais profundos de meditação. A prática regular de Dharana fortalece a capacidade de concentração, criando uma base sólida para os próximos estágios.
Dhyana: O Fluxo Contínuo de Meditação
Quando a mente se torna capaz de manter uma concentração contínua no objeto de meditação, o praticante entra no estágio de Dhyana, ou meditação propriamente dita. Dhyana é o estado em que a mente flui de maneira ininterrupta em direção ao objeto de meditação, sem distrações ou interrupções.
Nesse estágio, o praticante experimenta um estado de calma profunda e presença. A dualidade entre o observador (o praticante) e o observado (o objeto de meditação) começa a desaparecer, e o foco torna-se mais estável. O estado de Dhyana é um precursor do próximo estágio, Samadhi, onde essa dualidade é completamente transcendida.
Samadhi: O Estado de Absorção Completa
Samadhi é o estágio final da meditação, onde o praticante atinge a completa absorção no objeto de meditação. Nesse nível, a mente se funde completamente com o objeto, e não há mais distinção entre o meditador e o objeto meditado. Samadhi é a experiência de unidade, onde o ego é transcendido, e o praticante se torna um com o todo.
Patanjali descreve diferentes níveis de Samadhi. No Savikalpa Samadhi, ainda há uma leve percepção do ego e do objeto de meditação, embora em um nível muito sutil. Já no Nirvikalpa Samadhi, todas as formas e conceitos desaparecem, e o praticante experimenta a pura consciência sem forma ou dualidade. Este é o estado de realização plena, onde o praticante alcança a liberdade espiritual.
Os Níveis de Samadhi: Savikalpa e Nirvikalpa
Dentro de Samadhi, há dois principais níveis que representam diferentes graus de profundidade na meditação:
- Savikalpa Samadhi: Nesse nível, o praticante ainda mantém uma percepção sutil de dualidade. Embora a mente esteja profundamente concentrada e o ego praticamente dissolvido, ainda há uma pequena distinção entre o meditador e o objeto de meditação. Este é o primeiro nível de Samadhi e pode ser considerado uma etapa de transição.
- Nirvikalpa Samadhi: O nível mais profundo de Samadhi, onde todas as formas de dualidade são transcendidas. Aqui, o praticante experimenta a união total com a consciência universal, sem qualquer traço de individualidade. Este é o estado de pura existência, onde o praticante está completamente absorvido no ser.
A Prática Contínua e a Evolução da Consciência
Patanjali enfatiza a importância da prática contínua (abhyasa) e do desapego (vairagya) para avançar nesses estágios de meditação. Somente através da prática persistente e da liberação dos apegos mundanos é possível progredir do estágio de Dharana até o estado mais elevado de Samadhi. Esse processo de meditação não é linear; requer paciência, dedicação e uma compreensão profunda das flutuações da mente.
Os Yoga Sutras de Patanjali oferecem uma visão estruturada dos estágios e níveis da meditação, desde a concentração inicial até a absorção completa no estado de Samadhi. Cada estágio é um passo vital no caminho da autotranscendência, guiando o praticante para uma experiência mais profunda de unidade e realização espiritual. A prática diligente e contínua desses estágios leva ao domínio da mente e à libertação do espírito, alcançando a verdadeira essência do yoga.
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